quarta-feira, 22 de junho de 2011

Fumaça de incineradores de lixo também provoca doenças

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Acaba de ser divulgada uma pesquisa alertando sobre os perigos da exposição à fumaça do Polo Petroquímico de Capuava, localizado na região do ABC. De acordo com a notícia veiculada no Diário do Grande ABC, são muitos os males provocados, entre eles a Tireoidite de Hashimoto, uma disfunção na glândula tireóide.

Agora façamos uma analogia com o que pode acontecer se os municípios adotarem a incineração para resolver a questão dos resíduos sólidos. Qual será o nível de poluição emitida se pensarmos apenas nas regiões metropolitanas distribuídas por todo Brasil?

Abaixo segue a matéria na íntegra que aponta os problemas causados pela fumaça do Polo Petroquímico.

Doenças atingem os vizinhos do polo

Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
As famílias vizinhas do Polo Petroquímico de Capuava estão sendo contaminadas. Elas sofrem e adoecem lentamente. Os efeitos da poluição emitida há mais de 50 anos deixam um rastro desumano em quase todas as casas dos bairros Capuava, em Santo André, Silvia Maria e Sônia Maria, em Mauá, e São Rafael, na Capital.

As enfermidades mais comuns são a tireoidite de Hashimoto, uma disfunção na glândula tireóide. A doença traz diversos sintomas para o resto da vida - mesmo com medicação diária (sem acompanhamento, a pessoa morre) -, como depressão, cansaço, queda de cabelo e alteração de peso, além de doenças respiratórias. O caso é grave, mas as empresas do polo não colaboram com o Ministério Público e, principalmente, com a população.

O alarme soou em junho de 2002. Quem fez o alerta foi a professora e endocrinologista Maria Angela Zaccarelli Marino, da Faculdade de Medicina do ABC. O veredicto saiu após levantamento realizado durante 12 anos de pesquisas.

Nesse tempo, a médica constatou alto índice de pessoas que desenvolveram tireoidite crônica, mais conhecida como mal de Hashimoto. Os vizinhos do polo sofriam cinco vezes mais de problemas na glândula da tireóide do que outra região pesquisada.

O Diário teve acesso a documentos do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria do Estado de Saúde e artigos publicados em revistas internacionais que indicam a probabilidade de o alto número de doentes estar ligado à poluição das empresas do polo.

Em 2008, o CVE enviou estudo com 1.533 pessoas, sendo 781 no polo e 752 em Diadema (área de controle), para o promotor público do Meio Ambiente de Santo André, José Luiz Saikali. O resultado confirmou a tese da endocrinologista (veja arte acima).

O promotor solicitou exames mais elaborados ao Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, com moradores e do ar da região. "A associação do polo queria colaborar, mas depois desistiu", disse ele.

No meio dessa confusão estão mais de 65 mil pessoas. Os primeiros resultados para descobrir as causas do aumento significativo das moléstias vão sair com dez anos de atraso.

"Até setembro, vamos ter as primeiras análises. Esse vai ser um passo importante", disse Paulo Saldiva, coordenador do laboratório da USP. A Associação das Empresas do Polo Petroquímico informou que não haveria tempo necessário para responder à reportagem.

ORIGEM DOS PROBLEMAS PODE ESTAR NA FUMAÇA DAS EMPRESAS

O clima é diferente. O horizonte é cinza. Os olhos ardem. A pele coça. O nariz escorre. As pessoas ficam ou estão doentes. Assim é a vida de grande parte dos moradores e trabalhadores dos arredores do Polo Petroquímico de Capuava, nas cidades de Mauá, Santo André e Capital.

A origem de todo esse transtorno pode estar ligada à fumaça que sai continuamente das chaminés das 14 empresas do polo, ao longo das últimas décadas.

A equipe do Diário constatou que a coisa mais comum ao andar pelas ruas dos bairros Capuava, em Santo André, Silvia Maria e Sônia Maria, em Mauá, e São Rafael, na Capital, é encontrar pessoas que sofrem do mal de Hashimoto e de doenças respiratórias, como rinite, sinusite ou bronquite. Todos acusam sistematicamente o Polo Petroquímico como agente transmissor.

Além da sensação de incômodo, a situação piora quando as petroquímicas "soltam aquela coisa". É assim que os moradores definem a liberação e queima de gases pelo flair (tipo de uma chaminé), mais as explosões, que assustam os idosos e as crianças nas madrugadas.

Alguns moradores, cansados de sofrer com os graves sintomas do mal de Hashimoto, como a desempregada Marlei Florência, 42 anos, venderam a casa por preço menor e foram embora. "Não tinha forças nem para levantar da cama. Essa foi a minha saída, mas perdi muito dinheiro e minha saúde", disse Marlei, que morou por mais de 40 anos no Sônia Maria.

Para Maria Angela Zaccarelli, professora e endocrinologista da Faculdade de Medicina do ABC, o perigo, além dos sintomas do mal de Hashimoto, é a associação com outras enfermidades, como esclerose múltipla, infertilidade precoce, lúpus e vitiligo.

"Por isso que é preciso saber o que sai das chaminés dessas empresas. Não podemos esperar mais, é preciso fazer alguma coisa já", comentou a especialista.

TEMPO DE EXPOSIÇÃO
O período para desenvolver a tireoidite ou doenças respiratórias varia de dois a quatro anos, segundo os casos diagnosticados pela pesquisadora.

A equipe do Diário encontrou quatro funcionários de uma empresa do polo que desenvolveram o mal de Hashimoto após dois anos de trabalho. "Não podemos falar nada. Se isso acontecer somos demitidos no outro dia", disse uma recepcionista.

DIA COMEÇA COM UM COMPRIMIDO

"Eu sou parte do Polo Petroquímico", diz a dona de casa Ivete Nardim Ceconello, 57 anos. Há 30 anos, a primeira coisa que faz ao acordar é ingerir um comprimido para o mal de Hashimoto. Ela sofre no corpo os efeitos do problema na glândula da tireóide por ser vizinha do complexo de empresas petroquímicas.

Com 21 anos, recém-casada, mudou para o bairro Capuava, em Santo André. "Não tinha nenhum problema de saúde, mas depois de alguns anos comecei a engordar. Aí fui fazer os exames e o resultado veio", lembra. Foi constatada uma queda nos hormônios da tireóide, e o médico pediu para realizar uma bateria de exames complementares. "Não deu outra, a minha tireóide estava tão grande que o técnico pensou que a máquina estava quebrada", comenta.

Desde então, a dor nas pernas e o ganho de peso foram compreendidos. A causa para desenvolver a doença, ela aponta sem hesitar. "Não tem dúvida. Nós respiramos esse ar com fuligem o dia inteiro."

Ao andar pelos arredores é fácil compreender os efeitos da fuligem. Os portões e paredes brancas ficam encardidos. "As minhas pacientes brincam que os cachorros delas amanhecem brancos e depois ficam pretos", diz a médica Maria Angela Zaccarelli Marino.

‘ESSA DOENÇA TORTURA AOS POUCOS'

Dor nas pernas, cansaço, boca seca, sono, moleza, queda de cabelos e outras diversas sensações desagradáveis. É assim que vários moradores da região do Polo Petroquímico se definem após a equipe do Diário fazer a simples pergunta de como é o seu dia a dia.

Não é diferente com a comerciante Elaine Aparecida Martins Nonato, 42 anos, quando não toma o seu comprimido, ainda em jejum, para o mal de Hashimoto.

"Impressionante como essa doença tortura aos poucos. Como sou muita esquecida, fico até dois dias sem tomar, aí a coisa fica feia", comenta.

A comerciante reside no bairro Sônia Maria, em Mauá, e cresceu na rua Antonio Calheiros, que tem as empresas do polo literalmente na frente da casa de sua mãe. "Além daquele pó preto que impregna em tudo, tem o forte cheiro de gás", aponta a moradora.

O surgimento do mal de Hashimoto ocorreu aos 28 anos, meses após dar à luz a sua filha. "Engordei muito e tinha dores nas pernas, cansaço, e não deu outra no exame. Comecei tomando 40 miligramas do remédio por dia, e hoje já estou no de 125. Mas essa doença, na região, infelizmente é normal", frisa a comerciante.

PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS SÃO COMUNS

Basta mudar o tempo para a balconista Elizangela Fernandes, 31 anos, perder o sono e passar a noite ao lado da filha Kimberly Sofhia, de 2 anos e 6 meses. As duas sofrem de problemas respiratórios crônicos, mas a criança é a mais afetada. A mãe tem crises de rinite desde os 14 anos; a pequena sofre de bronquite desde o primeiro ano de vida.

"Vivo com o nariz escorrendo, mas o problema está nela. É sarar de uma crise e, em pouco tempo, volta. É terrível, não aguento mais dar antibiótico", diz a mãe.

Para tentar melhorar a qualidade de vida da criança e não perder horas no hospital, a família comprou uma máquina de inalação, item comum nas casas visitadas pela equipe do Diário.

"Sempre faço inalação nela, até fica mais calma, mas parece que as crises cada vez ficam mais fortes", comenta a balconista, que sempre morou no bairro Capuava, em Santo André.

Até hoje apenas um estudo, em parceria entre a Faculdade de Medicina do ABC e o laboratório de Poluição Atmosférica da USP, foi realizado. O resultado da pesquisa, realizada em 37 árvores para saber a concentração de chumbo, não foi nada agradável: 4 ppm (partes por milhão), na média. Mas em algumas concentrava 15,6 ppm. O ideal seria 1 ppm.

Fonte: http://www.dgabc.com.br/News/5894088/doencas-atingem-os-vizinhos-do-polo.aspx

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Coleta Seletiva promove inclusão de dependentes químicos

Todos sabem da dificuldade de inserção no mercado de trabalho sofrida por dependentes químicos. Veja como Marcus Azevedo conseguiu superar o problema.

O catador que reciclou a vida

Por: Claudia Mayara  (mayara@abcdmaior.com.br)

Marcus Durante: renascimento com trabalho ambiental. Foto: Amanda Perobelli

Marcus Durante: renascimento com trabalho ambiental. Foto: Amanda Perobelli

Desespero, escuridão e sofrimento. Foi assim que Marcus Azevedo Durante, 45 anos, se sentiu por seis anos. Desempregado e sem perspectiva de melhorar de vida, o morador de Diadema se viu mergulhado no submundo das drogas, viciado em crack e cocaína. Quando chegou ao fundo do poço, teve a certeza: o caminho sombrio não teria mais volta. Mas foi aí que enxergou, na reciclagem de resíduos sólidos, a luz no fim do túnel. O trabalho ambiental deu forças para o catador renascer das cinzas.

As drogas entraram na vida de Marcus como um grito de angústia diante da difícil situação financeira que perdurava há anos. Acostumado a trabalhar e ter o próprio dinheiro desde os 17 anos, a falta de oportunidades no mercado de trabalho consumiu e destruiu sua autoestima. Inútil e desprotegido, o refúgio no crack e na cocaína pareciam a saída menos dolorosa. Quando perdeu o apoio de amigos e familiares, Marcus percebeu que a ilusão de bem-estar e felicidade proporcionados pelas drogas era passageira, mentirosa e só lhe trazia mais destruição.

Ao ver a mãe doente e infeliz, procurou por ajuda de psicólogos e grupos como Narcóticos Anônimos. Mas a reviravolta só aconteceria com o trabalho de reciclagem. Uma assistente social, que fazia uma pesquisa socioambiental na Vila Nova Conquista, antiga favela da Coca-Cola, fez o convite para Marcus participar do projeto municipal Vida Limpa, de coleta seletiva. O morador de Diadema enxergou na proposta a chance de mudar a vida e dar a volta por cima. “Renasci junto com o Vida Limpa”, revelou.

Sentindo-se importante e integrante de algo maior, o catador recuperou a autoestima, descobriu o amor pela natureza e a si próprio. “Nós catadores somos os anticorpos do planeta, pois combatemos todos os materiais que podem fazer mal ao meio ambiente”, afirmou, com orgulho. Engajado na causa ambiental e defensor dos animais, hoje Marcus é coordenador do posto de coleta seletiva da Vila Nova Conquista e membro da diretoria da Associação Pacto Ambiental.

Apesar dos preconceitos que a categoria sofre na sociedade, Durante garante estar mais feliz e disse ter aprendido com a solidariedade do grupo a dar mais valor à vida. Atualmente, luta pelo reconhecimento do trabalho dos catadores pelas prefeituras. “Não vou mudar o mundo, mas quero fazer a minha parte”, disse.

Fonte: http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=30988

sábado, 11 de junho de 2011

Lixo como oportunidade


O Projeto Brasil Canadá foi convidado a participar da discussão sobre a destinação do lixo no município de São Paulo. O debate mais atual sobre o assunto e uma dos principais objetivos nosso é sobre como a Política Nacional de Resíduos Sólidos vai incluir social e economicamente catadores e catadoras de lixo reciclável. Esta é mais uma oportunidade de debate e oportunidade de participação da sociedade na tomada de decisão sobre um assunto que interessa a todos.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Boletim Sobre Incinerador - SBC


Em Defesa da Coleta Seletiva com Inclusão dos Catadores, do Meio Ambiente, da Saúde e da Vida.

Seminário:
Em Defesa da Coleta Seletiva com Inclusão dos Catadores,
do Meio Ambiente, da Saúde e da Vida.

Os impactos da Incineração de lixo no Grande ABC.

Palestrantes:
Carlos Henrique de Oliveira-Prof Destão Ambiental da Metodista
Luzia Maria Honorato-Membro do Comitê Executivo Projeto Coleta Seletiva Brasil-Canadá (PSWM)
Data: 05 de Junho de 2011.
Local: Câmara Municipal de São bernardo do Campo
Horário: das 09:00 às 13:00hs

Mais informações: www.pswm.uvic.ca
Compareçam! Divulguem!
Atenciosamente,
Projeto Coleta Seletiva Brasil-Canadá

RJ será primeira cidade a aderir ao movimento Limpa Brasil

O Rio de Janeiro será a primeira das sete cidades brasileiras a receber o Limpa Brasil Let´s do it!, movimento mundial de mobilização social voltado para o envolvimento da sociedade no recolhimento dos resíduos sólidos descartados.

O primeiro mutirão de limpeza na cidade ocorrerá no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, e a expectativa é reunir cerca de 50 mil voluntários, entre coordenadores, catadores e supervisores. Os interessados devem se inscrever no site do projeto.

Na capital fluminense, 18 ecopontos, que estão espalhados por todas as regiões da cidade, funcionarão entre 9h e 17h, recebendo o lixo recolhido pela população. As tendas serão instaladas em lugares onde já atuam organizações não governamentais (ONGs) que trabalham na defesa do meio ambiente.

Leia reportagem na íntegra: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticias/rio-sera-primeira-cidade-receber-limpa-brasil-let-s-it-628754.shtml

Participatory Video Practitioners Toolkit / Guia do Video Participativo