sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Prefeituras apostam em apoio a catadores para ampliar coleta seletiva

São Paulo - Os resultados de parcerias entre prefeituras e cooperativas de catadores de material reciclável foram apresentados na Expocatadores. O evento na capital paulista incluiu debates sobre a ampliação da coleta seletiva. Representantes de administrações municipais indicam que a aposta na organização dos trabalhadores e em equipamentos, como carrinhos elétricos, fazem a diferença.
A cidade de Ourinhos, no interior de São Paulo, contava com apenas 10% do lixo destinado à coleta seletiva em 2003. Segundo Carlos Pessoa Guimarães, chefe da divisão de imprensa da Superintendência de Água e Esgoto da cidade, os catadores estavam desorganizados e trabalhavam em condições sub-humanas.

A partir de 2009, um fórum entre cooperativas passou a traçar outra perspectiva. “Foi um divisor de águas. Agora, 50% da cidade é atendida e a meta é chegar a 100% até o final de 2011”, promete Guimarães. A parceria trouxe outro benefícios como a construção de refeitórios e vestiários para os trabalhadores.
Na cidade gaúcha de Gravataí, após a elaboração um projeto integrado de recursos sólidos, o município iniciou a chamada "coleta solidária" em convênio com a associação dos catadores. Segundo Juarez Fialho, secretário de serviços urbanos do município, a coleta solidária resultou em uma economia de 50% do valor gasto com a empresa terceirizada. Ele destacou também que além dos carrinhos elétricos, os catadores contam com carros equipados para coleta de óleo, lâmpadas, pilhas e bateria.
Nesta quinta-feira (23), o evento contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo oitavo ano consecutivo, ele participa da festa de Natal da população em situação de rua e dos catadores de materiais recicláveis. Neste ano, o presidente terá a companhia de Dilma Roussef, que assume o cargo em janeiro de 2011.

Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/ambiente/2010/12/prefeituras-apostam-em-apoio-a-catadores-para-ampliar-coleta-seletiva

Catadores criticam Kassab por barrar expansão da coleta seletiva


Catadores criticam Kassab por barrar expansão da coleta seletiva
"Deus recicla, o diabo incinera" (Foto: Jéssica Santos Souza/RBA)
São Paulo - Catadores de materiais recicláveis protestaram na manhã desta quarta-feira (11) na capital paulista contra as restrições do serviço de coleta seletiva de lixo. Integrantes do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) caminharam da Câmara de Vereadores em direção à sede da administração municipal, gritando palavras de ordem com críticas ao prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Entre as acusações contra a gestão municipal, estão a de estabelecer restrições ao trabalho das cooperativas. Das 104 entidades ligadas ao movimento, apenas 17 estão regulamentadas. Além disso, a prefeitura poderia oferecer terrenos para a alocação de centrais de triagem, segundo os ativistas, mas não tem agido nesse sentido.
Ao final do protesto, em frente ao gabinete do prefeito, os catadores solicitaram reunião com representantes da gestão municipal, mas não foram atendidos. A prefeitura sugeriu que buscassem a Secretaria Municipal de Serviços. Uma comissão se dirigiu ao órgão para protocolar documento com as reivindicações do movimento.

Cooperativas

"Catador organizado não será pisado", gritavam os manifestantes. Além de palavras de ordem, Kassab foi vaiado pelos manifestantes. Segundo a Polícia Militar, 200 pessoas participaram da manifestação. Os organizadores calculam em 250 o número de participantes.
Para René Ivo Gonçalves, secretário-executivo do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, as dificuldades de regularização das cooperativas envolvem a forma como os editais de licitação para contratação são feitos. "O edital é prejudicial para as cooperativas, porque elas não conseguem dar conta das exigências previstas", explica.
Durante o protesto, o vereador Ítalo Cardoso (PT) apontou contradições na política de meio ambiente da capital paulista. "É impossível pensar numa cidade que aprova projetos de lei para melhorar a qualidade do ar e de vida, e que ao mesmo tempo não consegue instruir a sua população a reciclar o lixo. É impressionante a quantidade e a riqueza do lixo de São Paulo", analisa o parlamentar.

Incineradores

Os catadores também criticam o que consideram como intenção da administração de instalar incineradores de lixo, reduzindo as possibilidades de geração de renda para esses trabalhadores. Um cartaz demonstrava o espírito do protesto: "Deus recicla, o diabo incinera". Segundo o deputado estadual Adriano Diogo (PT), o governo Kassab "destruiu a organização das cooperativas e a possibilidade da reutilização dos materiais captados por elas".
Para Mara Lúcia Sobral, de uma cooperativa sediada na Granja Viana, o problema da incineração são as consequências para o meio ambiente e para a saúde humana. "Ela causa câncer, polui e acaba com os recursos naturais do planeta", detalha. De acordo com Cardoso, "alguns tendem a achar que a melhor saída é a da incineração, mas na verdade ela é mais perigosa, a curto, médio e longo prazo.
Em outros municípios, segundo os ativistas, há políticas mais adequadas no tratamento da coleta, bem como das pessoas que trabalham na separação de materiais recicláveis. Segundo Joana D'Arc Pereira Costa, integrante de uma cooperativa de Ribeirão Pires (SP), a prefeitura local ofereceu duas áreas, uma para armazenamento e outra para triagem. Ainda garante um caminhão para a coleta seletiva porta-a-porta.

Trabalho

"Eu estava desempregada antes de trabalhar com isso", descreve Joana D'Arc. Ela conta que começou separando o lixo que recolhia nas ruas e guardando em casa mesmo para vender. "Depois, fiz um curso com mais duas amigas sobre cooperativismo e começamos a nos organizar", relata.
Maria Elena Lisboa, que participa do protesto, conta que integra a Cooperativa Viva Bem, na Lapa, na zona oeste da capital, há seis anos. "A cooperativa ajuda muito no nosso sustento", orgulha-se.  Ela é uma das fundadoras do empreendimento que hoje inclui 85 pessoas. Apesar de serem associados, eles recebem os mesmos benefícios de uma pessoa com carteira assinada, com um valor equivalente ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), férias remuneradas etc.

Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2010/08/catadores-criticam-kassab-por-barrar-expansao-da-coleta-seletiva

Cadastro via internet vai ampliar organização de catadores

Tecnologia da informação vai reforçar a organização dos catadores. Informações geradas vão subsidiar ações de inclusão social
Cadastro via internet vai ampliar organização de catadores


Sistema aproveita recursos de mapas on-line para saber onde estão e quem são os catadores de materiais recicláveis no Brasil (Foto: Divulgação)
Um cadastro via internet é a aposta do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) para promover e interagir com cooperativas e trabalhadores do setor. O sistema funciona desde o dia 4 deste mês e promete avanços nos próximos anos.
O cadastro on-line vai permitir à coordenação do MNCR interagir e conhecer o perfil das cooperativas de catadores de todo país, afirmou o coordenador de comunicação da instituição Davi Amorim, em entrevista à Rede Brasil Atual.
Na fase inicial do sistema, cooperativas e catadores vão se cadastrar, informando número de filhos, escolaridade e contribuição à previdência, por exemplo. A partir desses dados, o movimento pretende subsidiar discussões de políticas públicas e na luta por inclusão social. “Vamos ter um mapa com a localização exata das cooperativas e um perfil dos catadores e de suas necessidades”, destacou Amorim.
Uma nova versão do cadastro deve estar pronta no início de 2010 com novas ferramentas que vão possibilitar saber quais materiais e o volume recolhido em cada cooperativa e a melhor destinação comercial.
De acordo com o representante do movimento, os futuros avanços no sistema vão permitir à organização de catadores ir bem mais longe: “Vamos interagir com as redes de comercialização de catadores, além disso o sistema vai facilitar negociarmos com as indústrias”.
De acordo com Amorim, no mínimo 40 mil catadores e 600 cooperativas devem ser cadastrados pelo novo sistema.

Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2009/08/cadastro-via-internet-vai-ajudar-organizacao-de-catadores

Fim de ponto de coleta é retrocesso injustificável

Parte do problema das chuvas que matam pessoas e destroem vidas se deve ao péssimo gerenciamento do lixo, o que torna ainda mais grave o sucateamento da coleta seletiva em São Paulo


No mínimo, a notícia sobre o fechamento de um ponto de coleta da Associação Reciclázaro no bairro da Lapa, em São Paulo, deve no mínimo, ser definida como triste, muito triste. O local funcionava na Igreja São João Maria Vianney e segundo a imprensa, a decisão para o fechamento partiu da Arquidiocese de São Paulo. A decisão revoltou os moradores acostumados a fazer uso do ponto de coleta entregando ali seus materiais recicláveis.
Na disputa entre a sociedade civil e os representantes da igreja, por enquanto, prevaleceu a vontade do clero. Os moradores organizaram um abaixo-assinado e prometem manter a briga. Mas sem entrar nos méritos e argumentos, gostaria de registrar o absurdo de vivermos tal situação, na maior metrópole do país que gera entre 14 e 15 mil toneladas de lixo por dia e recicla cerca de míseros 1% desse total, ainda se dar ao luxo, ao despautério de perder um ponto de coleta. Vejo isso como uma completa insensatez!
Se ainda fizermos menção ao fato de que 30 famílias obtinham sua renda do recolhimento e reciclagem de 50 toneladas de lixo mensais e de que tal local de coleta existia há 13 anos, tendo sido exatamente ali que nasceu a ONG Associação Reciclázaro, será difícil conter, pelo menos, uma ponta de revolta e indignação.

Desrespeito aos catadores
- Aliás, essa é outra questão a se destacar: a situação dos catadores. A coleta de materiais como latinhas, garrafas pet, papelão, papel, isopor, entre outros, nem sempre é vista com o respeito devido. Claro que existem exceções, mas muita gente reclama das carroças “atrapalhando o trânsito” e mesmo quando param para descansar ou recolher material, eles são vistos com desconfiança ou desdém. Mais difícil é fazer certas pessoas enxergarem nessa atividade um trabalho árduo e extremamente útil. São homens e mulheres anônimos que operam o milagre de transformar lixo que entope bueiros, suja as ruas e vão parar nos nossos pobres rios, em matéria útil que volta para a cadeia produtiva em forma de insumo para novos produtos.
Não é por outra razão, que mesmo com o trabalho desses abnegados que travam uma luta diária pela sobrevivência, repousam no fundo dos Rios Pinheiros e Tietê uma quantidade de lixo colossal composta de todo o tipo de materiais, inclusive, sofás, geladeiras e sujeiras de todo tipo despejados pelas pessoas. Os especialistas consideram que uma das principais razões das enchentes em São Paulo é, exatamente a ausência de vazão dos nossos principais rios prejudicados por uma enorme quantidade de sedimentos depositados em seus leitos.
O excesso de lixo e entulhos deixado nas ruas de São Paulo é outro motivo que contribui para as enchentes no começo de todos os anos. A Prefeitura no ano passado tentou coibir a prática por meio do aumento da multa para quem joga lixo na rua, cujo valor saltou de R$ 500 para R$ 12 mil. Mas só multar não soluciona o problema como é facilmente constatado pela quantidade de lixo boiando que pudemos ver neste janeiro de chuvas.
Diante desses fatos provocados pela ausência de uma política efetiva de reciclagem, ao invés de se abrirem dezenas, quem sabe centenas de pontos de coleta, é muito difícil conformar-se e aceitar serenamente, o fechamento de um ponto tradicional da cidade.
O lixo, ou melhor, “materiais fora de lugar”, como já afirmou com propriedade o economista Paulo Sandroni da Fundação Getúlio Vargas, deveria ser visto como algo a ser aproveitado e transformado em riqueza, não em algo a ser descartado de qualquer maneira.
Quem sabe se as tragédias persistentes não serão capazes de despertar em nossas autoridades, empresas e cidadãos, a consciência para a realização de esforços em busca de uma cidade e um mundo mais equilibrado e sustentável.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/fim-de-ponto-de-coleta-e-retrocesso-injustificavel

Participatory Video Practitioners Toolkit / Guia do Video Participativo